O espaço de partilha das minhas pinturas, dos meus poemas favoritos e das musicas que embalam os meus dias nem sempre coloridos.
quinta-feira, 31 de março de 2016
Zaha Hadid a maga da arquitectura, a mulher dos projectos aparentemente irrealizaveis, a senhora que nos faz imaginar planetas longinquos, morreu hoje vitima de ataque cardiaco ,quando internada por um problema pulmonar. Fica a magnificência da obra de uma mulher que quebrou a hegemonia masculina. De certeza que regressando agora ao mundo do fantastico de onde veio ,nao resistirá a dar continuaçao à sua obra.
quinta-feira, 24 de março de 2016
Páscoas!
Brandamente, abeira-se de mim a nostalgia das minhas Pascoas de menina e moça e a alma adoça-se-me no folhear de tao belas recordações. Eram dias únicos e ansiosamente esperados. Dias mágicos quer chovesse ou fizesse sol. Eram os dias do foguetório manhã cedo e ao sair do cortejo pelas ruas juncadas de ramos de alecrim e flores; Do vermelho das opas; Da sobrepeliz com rendas por cima da batina negra do Padre Augusto, Do tilintar da campainha nas mãos de um miudo; Da cestinha com um pano nas mãos de outro, para recolher os bolos que lhe davam; Da mesa,coberta com a melhor toalha para "receber o Senhor" , com inefaveis amendoas , bolos e folar, o crucifixo com um Cristo de plastico dourado e o pratinho no meio de tudo,com a nota de 20 escudos desdobrada; Das palavras: "Boa Pascoa nos dê Deus" que acompanhava o 1º passo que o homem que transportava a cruz dava ao transpor a porta da minha casa ; De nós , todos,de joelhos, para beijar a cruz; Do Padre Augusto redondo e calvo a dizer as palavras ja ditas e reditas em outras casas , para de seguida atirar o corpo, ja com uns setenta para cima da velha arca da sala ,dando-lhe o merecido repouso após tão dura caminhada; Dos vestidos feitos pela minha mãe , novinhos, a estrear ; Do folar, muito amarelinho dos ovos caseiros. Do riso , da simplicidade e ternuras.
segunda-feira, 21 de março de 2016
domingo, 20 de março de 2016
E por que nao um poema? É do meu bem-amado Torga e um bem-amado um dia mo enviou.
Pedido
Ama-me sempre,
como à flor do lírio
Bravo e sózinho,
a quem a gente quer
Mesmo já seco na recordação.
Ama-me sempre, cheia da certeza
De que, lírio que sou da natureza,
Na minha altura eu brotarei do chão.
Miguel Torga, in 'Diário (1943)'
Ama-me sempre,
como à flor do lírio
Bravo e sózinho,
a quem a gente quer
Mesmo já seco na recordação.
Ama-me sempre, cheia da certeza
De que, lírio que sou da natureza,
Na minha altura eu brotarei do chão.
Miguel Torga, in 'Diário (1943)'
Aviso à navegaçao
Já há muito que nao tenho 61 anos como diz o "Sobre mim" que nao sei alterar, mas sim 64.
E já agora, também já não tenho 1,68cm ,como com grande espanto meu me informou quem recentemente me tratou do cartao de cidadao. Pelos vistos meço apenas 1,65 o que significa que minguei 3 cm, com o passar dos anos. E por este andar vou morrer anã!!!
A Veces Llegan Cartas - Raphael
Não ou quase não. As cartas que agora chegam, recebo-as sempre com um ar de indisfarçado descontentamento, quando não, tristeza, aborrecida surpresa ou inquietação. Agora chegam ( muitos, muitos a entupir as caixas de correio electrónico), os mails. Onde ficou o prazer de receber uma carta?? Lá longe, longe, nos confins da memoria.De uma memoria suave com cheiros a baunilha e alfazema.Dopapel, a memória sensitiva e táctil de veludos já gastos pelo tempo. Brilhos nos olhos. Ou lágrimas. Mortes, nascimentos, saudades,zangas ,tristezas e alegrias,amores e desamores, tudo nos chegava dentro de um simples envelope em cujo interior vinha a carta em 2 pequenas páginas de papel de linhas e cor amarelada ou mais modernamente, uma só folha de papel que nao obedece a nenhum tamanho padrão agora em uso. Ou seja:Nem A4,nem A5, muito menos A3. Nao nego as saudades. Das cartas ou de um postal de correio.
Tanto que um dia destes escrevo uma carta a alguém com a exigência expressa de ter de me "responder na volta do correio".
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