sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sonoridade dos pássaros

Irei,
Na senda sombria dos lobos
Sentar-me amanhã
Alheia e pacificada
A ponderar da luz os fragmentos
Que se estiram, liquidos
Na purpura das colinas.

Nas mãos,que rasam
um chao sem esperança
Hei-de segurar
Espadas
Embainhadas de azul,
Com que cortarei a malha
Que entretece a ínvia
Palavra de amor.

E ,depois, aos olhos
desvelados,
vou,placidamente,
soletrar
a sonoridade dos passaros,
nos seus voos curvos
sobre as falesias.

Clarice Silvestre

10/2011

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Apeteceu-me hoje ir à Gaveta de Nuvens tirar poemas de amor.Lindos!

AS FACAS

Quatro letras nos matam quatro facas
que no corpo me gravam o teu nome.
Quatro facas amor com que me matas
sem que eu mate esta sede e esta fome.

Este amor é de guerra. (De arma branca).
Amando ataco amando contra-atacas
este amor é de sangue que não estanca.
Quatro letras nos matam quatro facas.

Armado estou de amor. E desarmado.
Morro assaltando morro se me assaltas.
E em cada assalto sou assassinado.

Quatro letras amor com que me matas.
E as facas ferem mais quando me faltas.
Quatro letras nos matam quatro facas.



Manuel Alegre(1936)

Um soneto de Natalia Correia

O ESPÍRITO

Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
A vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

Natália Correia (1923-1993)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Rustica




alterei para levar para a Exposiçao "É uma ansia de viver"a pintar Florbela, em Condeixa mas no transporte,melhor no carregamento das telas para fazer o transporte rasguei-a.Em plenos olhos . Tive de remendar e pintar de novo.