Luz
Repetidamente,
Os olhos se me afundam
Na cinza das manhãs
Que foram alvoradas
De noites vazias;
A boca?Ah! a boca,
Que foi de romã,
Cerejas maduras,
De sedas,
de sangue,
a semear nos homens,
a urgência do beijo…
Que é dela??
E, sobre os ombros, frágeis,
Estende-se uma luz,
Que esmaece
E definha.
E tu,
Meu poeta,
De noites brancas , insones,
Acenas de longe
E dizes, ciciadas,
Palavras de amor.
Onde sou princesa.
Onde sou rainha.
E os poemas que fiz antes,
Já não têm valor…
Lancei-os , a esmo,
Ao vento, ao azul,
Quiçá na esperança,
Que um dia os lesses.
Hoje,
É para ti, que escrevo.
Apenas para ti!
A adivinhar-te os olhos,
Tranquilos ,serenos,
A sorrir, a sorrir..
Porque afinal tu és tudo isso:
O sorriso-bondade,
A leveza da seda,
O canto de um pássaro,
Um aroma a sândalo,
Rico, caríssimo,
no tracejado de um corpo,
rarefeito nos longes
da distancia física.
E então, concluo que,
se precisa das sombras,
para bem definir
o brilho,
da luz.
30/06/2011
Corro para ti
Vou a correr, alucinada, p’rós teus braços
Como a cumprir uma tarefa derradeira
Como quem se perde e se encontra nos seus passos,
Como quem ‘squece, e vira as costas à terra inteira!!
Corro como quem renasce, depois de, velhinha,
Pôr velas e saudades ,nos olhos a arder!!!
Como quem, de súbito, recupera o ver,
Depois de anos e anos ter sido ceguinha…
Corro p’ra ti , amor, com braçados de lírios
Nas mãos perfumadas de feno, há cansaços,
Memórias de uma cruz, lancinantes martírios…
E os nossos corpos que ardem como círios
Ficam, então, finalmente, exaustos e lassos,
Quando, no teu peito, desaguam meus delírios…
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